23 de abr. de 2010
Review de Yakuza 3 para PS3 de E-Zine/MyGames
Estávamos a meio da era da Dreamcast quando a SEGA lançou Shenmue, um jogo que viria a converter-se num dos grandes clássicos da consola e dos videojogos e numa das séries sobre a qual os jogadores mais queriam ver surgir uma sequela que terminasse a história. Entretanto, a SEGA fez também surgir, na era 128 Bits, um jogo que, embora diferente, se aproximou de Shenmue. Esse jogo era Yakuza, o qual contava a história de Kazuma, membro de uma família mafiosa japonesa, que se vê envolvido numa conspiração. Ao contrário de Shenmue, Yakuza não se ficou pelo segundo episódio, e Yakuza 3, o novo capítulo chega agora à PS3. Deveria ter ficado perdido no tempo como Shenmue?
Yakuza 3 começa a história com um ambiente diferente, colocando Kazuma numa zona pacífica de Okinawa onde este gere agora um orfanato, com a sua fliha adoptiva Aruka (filha da sua melhor amiga de infância já falecida), para relembrar os seus tempos vividos no orfanato quando mais novo. Mas como a vida de alguém está ligada à máfia, paz é algo difícil de alcançar, e Kazuma é obrigado a regressar a Tóquio para “tratar” de alguns problemas do clã.
O problema surge quando interesses são levantados em redor do espaço onde o seu orfanato foi fundado, o que leva alguns interesseiros a querer conquistar as terras para avançar com um empreendimento multimilionário. Isto dá origem ao assassinato do actual chefe do clã e ao reaparecimento de uma personagem que vai deixar os fãs surpreendidos.
Para quem não conhece o sistema de jogo de Yakuza 3, este funciona sobre um sistema de capítulos recheados de missões; tudo isto tem lugar em várias localidades reais ou fictícias do Japão onde vão poder encontrar centenas de missões para fazer, ao ponto de lembrar jogos de exploração livre e aberta como as cidades dos antigos Final Fantasy, ou uma versão mais pequena de um GTA.
A menção anterior a Final Fantasy foi algo propositada, pois, apesar de ser essencialmente um jogo de exploração com sequências de luta e muitas cinemáticas de história, Yakuza 3 é também um imponente RPG. A quantidade de coisas para fazer, aprender e ganhar é realmente abismal, havendo sempre algo novo para juntar à colecção. As actividades vão desde perigosas perseguições ou combates privados em clubes secretos até inofensivas sessões de Karaoke (se cantarem mal, nem tanto).
Enquanto a história avança, vão surgir várias situações em que a conversa deixa de fazer sentido, e alguém vai ter de comer o alcatrão. Sendo um ex-membro de uma família Yakuza, Kazuma sabe lutar como ninguém. O sistema de combate é em tudo similar a um Streets of Rage em 3D, ou até ao modo história de Tekken 6. O combate é totalmente 3D, e podem atacar qualquer um dos inimigos que vos rodeia com golpes físicos, ou agarrando objectos do cenário. Estes objectos dão várias hipóteses para realizar finishers de grande impacto, que colocam KO quase todos os tipos de inimigos. Há um número enorme de possibilidades, por isso todas devem ser testadas.
Uma das grandes novidades do combate é sua integração, quase sem pausas, no mundo de jogo (caso não existam cinemáticas claro), evitando alguns tempos de loading. Outra novidade que foi adicionada é a visão na primeira pessoa, que além de permitir ver melhor o ambiente que vos rodeia, dá azo a que Kazuma consiga aprender novos movimentos de combate através de situações que vê no dia-a-dia. É uma adição bem-vinda e acrescenta ainda mais valor à exploração.
Sendo uma das séries de eleição do mercado japonês, Yakuza 3 teve direito a uma mega-produção em todos os aspectos, quer visuais quer sonoros. No que toca ao primeiro ponto, sem dúvida que os gráficos e os detalhes (especialmente associados às personagens) estão bastante elevados; podem não ser tão bons como um Final Fantasy XIII, um Uncharted 2: Among Thieves ou um Mass Effect 2, mas conferem um visual muito bom e até deslumbrante, especialmente em Okinawa. Quanto ao som, fiquei bastante agradado por não ter havido dobragem das vozes para inglês, mantendo o japonês como a língua falada e a presença de legendas para acompanhar as falas. A música, por outro lado, é uma mistura entre som ambiente e alguma música electrónica japonesa nos combates. Estranhei, por vezes, a ausência de música em certas áreas onde um som ambiente faria toda a diferença.
Yakuza 3 ainda é um jogo bastante longo. Percorrer toda a história ainda demora um bom punhado de horas, especialmente porque vão ver mais de três horas de cinemáticas e cut-scenes entre os vários capítulos e missões. Se resolverem explorar as várias localidades ao máximo, então podem contar com mais de 60 horas de jogo.
No que toca a pontos mais baixos, Yakuza 3 sofre de alguns problemas de câmara, especialmente no que toca a sequências de combate em zonas mais fechadas; a colisão também não é a mais precisa, fazendo com que os punhos de Kazuma atravessem os corpos de alguns inimigos. Também fora de combate este problema surge nas cidades, havendo personagens que trespassam objectos ou outras personagens, e alguns movimentos das mesmas que parecem algo forçados. Tirando estes pormenores e a questão das áreas silenciosas, pouco mais há a destacar pela negativa.
Yakuza 3 é, sem dúvida, um bom jogo; pode ser um bocado duro para quem nunca experimentou a série ou não é grande fã deste estilo de jogo, mas a existência de episódios que contam a história dos jogos anteriores ajuda a ambientar o que para aí vem. Ver a nossa personagem crescer e aprender todos os truques e golpes é gratificante, e existe tanto para fazer que vão sentir-se imersos nesta recriação bem sucedida do Japão moderno e das ligações mafiosas das Triads. Se já deram a volta a God of War 3, Final Fantasy XIII e outros, lançados recentemente, então dêem uma hipótese a Yakuza 3 - quem sabe se não acaba por vos surpreender.
Pontuação Final
Gráficos: 8,9
Jogabilidade: 8,0
Som: 7,8
Valor: 8,8
Pormenores: 9,0
Total: 8,5
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